Thaísa Helena

     Quando nos machucamos, fisicamente falando, seja por alguns cortes, queimaduras, arranhões, nosso organismo automaticamente foca na ferida e produz um sistema de proteção conhecido como "casquinha". Essa casquinha fica ali até que a ferida que há por baixo dela sare por completo e ela saia de cena definitivamente.

     Não é diferente com o ser humano em sua totalidade. Cada um possui uma casquinha. O que os difere é o tempo de permanência dela. Há algumas que estão envolvendo-os por uns dias e já dão indícios de desaparecimento. Para estes, feridas são inevitáveis, porém eles tem certa facilidade para lidar com ferimentos. Outras estão há alguns meses, podem ter sido geradas em algumas feridas um pouco mais sérias. E há também aquelas casquinhas que duram muitos anos, ou até mesmo a vida inteira. Essas últimas tiveram uma abrangência maior, fizeram um papel de proteção além do esperado, enclausuraram pessoas, envolveram feridas muito intensas e profundas. Ao olharmos exteriormente, não exergamos a profundidade das feridas que elas escondem.

     Algumas pessoas conseguem até viver com elas, saem, comem, bebem, se divertem, mas se esbarram em alguma "quina" e uma lasquinha da proteção sai, a dor volta, sensações ruins tomam pequenos espaços vazios em suas mentes e quando dão por si, estão imersas em suas dores novamente. Na verdade elas nunca conseguiram sair desse processo, apenas usaram suas cascas para conseguir sobreviver.

     Muitas vezes precisamos rachar a forte "proteção" que criamos apenas para nos defendermos e deixar que a ferida que nos foi feita seja, de fato, sarada. Senão continuaremos imersos num ciclo de ferida-> casca->quina->ferida->casca->quina...

     Quando temos esse problema com grandes feridas incuráveis, qualquer mínima ferida que duraria alguns dias se prorroga e dá as "mãos" para as mais antigas. Temos então o "homem-casca" ou o conhecido "não me toque" e muitas vezes nos permitimos ser essas pessoas.

     Não é um problema ter dores, fraquezas, crises, receios. O problema é deixar que isso envolva nossa vida em uma proporção tão grande que não consigamos nos soltar. Tudo tem um tempo, até mesmo as dores. Elas não devem nos acompanhar por toda a existência. Vivemos vários ciclos e para que um novo ciclo comece outro precisa ser fechado.

     Precisamos do remédio que vem diretamente das mãos daquele que nos criou, o ÚNICO que sabe como nos levar à cura, que sabe por onde andam nossos machucadinhos escondidos e muitas vezes "esquecidos". Precisamos do amor restaurador de Jesus.