Thaísa Helena
                    O que é verdadeiro ou falso "nessa minúscula fenda por onde aquilo que dizemos nos escapa"?



Embora a sociedade seja contemporânea, os processos educativos, em geral, não o são. Continuam sendo a representação de quem detém o poder na sociedade. Assim, identificamos o discurso ligado ao poder quando, por exemplo, o posicionamento crítico do aluno é censurado pelo professor que uma vez sendo possuidor deste poder detém a legitimidade do discurso. Desta forma ele passa a acreditar que possui a “verdade absoluta” e os processos educativos passam a responder a uma condição autoritária.
A partir desta observação podemos afirmar que o discurso pode constituir-se em verdadeiro ou falso em relação a quem se apropria do mesmo. No texto, Foucault aborda a questão do discurso oriundo da loucura. Ao afirmar: “Era por intermédio das suas palavras que se reconhecia a loucura do louco...”, entendemos que a partir do que era dito, a partilha do discurso entre verdadeiro ou falso era realizada.
Seguindo também no trecho onde ele afirma que o discurso do louco até era ouvido, mas de maneira simbólica nos teatros, onde a verdade aparecia de forma mascarada, podemos fazer uma analogia com o período da ditadura. Nesse período, a questão de “quem quer que seja, finalmente, não pode falar do que quer que seja” era muito clara.
Assim, nossos artistas tidos como loucos, pelos propagadores da repressão, eram “interditados” e seus discursos ou eram excluídos (quando iam para o exílio) ou eram ouvidos nos “teatros” representando a verdade de forma mascarada. Identificamos esta arte simbólica em muitas obras realizadas como o Tropicalismo que durou pouco mais de um ano por ser reprimido pelo governo militar.
Thaísa Helena

"Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora".

                                 Voltaire

Eis-me aqui fazendo um cérebro falar. Meus dedos passaram por inúmeras
linhas deste livro, às vezes eles tinham de voltar a uma mesma sentença para ser assimilada, outras eles escorregavam facilmente. Mas como disse nosso coleguinha Piaget, é desequilibrando
que  nós aprendemos. rs

No livro: "A ordem do Discurso" Foucault faz uma importante afirmação:

"suponho que em toda a sociedade a produção do discurso é simultaneamente controlada, selecionada,
organizada e redistribuída por um certo número de procedimentos que têm por papel exorcizar-lhes os poderes
e os perigos, refrear-lhes o acontecimento aleatório, disfarçar a sua pesada e temível materialidade".


Assim, ele nos revela o jogo de interesses envolvidos em um discurso.
Uma relação de desejo e poder dividida em interdição, exclusão e censura, e na verdade absoluta.
Para ele, o discurso não deveria ser tão formal, solene, elaborado seguindo as regras sociais
e as influências de instituições tidas como detentoras do saber supremo. Os tabus deveriam ser extinguidos
abrindo espaço para a VERDADEIRA liberdade de expressão.
Como percebemos ele falava há mais de 30 anos atrás sobre uma questão muito atual e presente em nossa sociedade.

Podemos também associar essa censura do discurso às mídias, que hoje detém um grande poder de informação e cabe a nós, somente a nós, avaliarmos o conteúdo, se se trata de um interdito, uma exclusão de saber em detrimento
de outro ou se é uma verdade absoluta e universal.
Thaísa Helena
A vida é muito engraçada. Por vezes imaginamos como gostaríamos que ela fosse tão simples, principalmente em meio às crises, mas se pararmos para de fato averiguar, simples ela é. Nós é que complicamos tudo.
Foi assim quando tive de criar esse blog: "Ah, não. Nem sei o que vou escrever, não sou tão boa com as palavras". Maaaaas o que é a vida se não arriscar? Então...."vamo que vamo". Compartilharei aqui sínteses dos textos lidos recentemente na disciplina de língua portuguesa com meu professor Ivan Amaro.
"Sigam-me os bons"!
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