Thaísa Helena
     
     Ah! O inverno. Frio, muitas roupas, cobertores, café e chocolate quente. Estação da elegância, das ruas vazias, concentração no interior das casas, banhos quentes. Há muitas analogias ao inverno, como períodos de mudanças, tempo de se recolher. Há também quem compare o inverno a um tempo melancólico, de solidão, usando a expressão “inverno da alma”.
     Apesar das muitas afirmativas sobre o inverno, tenho desfrutado de um dos melhores invernos de todos os tempos. Eu nunca vi dias e noites invernais tão belos como os desta estação. De fato o Senhor é muito criativo, até mesmo noites com nuvens resplandecem um lindo mosaico no céu.
O inverno pode ser sim tempo de recomeços, de ousar a “sair no frio”, deixar nossos lugares comuns aquecidos e suportar a friagem como consequência dos passos desafiadores que somos estimulados a dar. Nem sempre iremos de pronto, a hesitação é inevitável, somos impelidos a ponderar as vantagens e muitas vezes as desvantagens são maiores, afinal ninguém gosta de uma ducha gelada após levantar de sua cama quentinha.
     Poderemos fraquejar, nossa respiração diminuir a intensidade, nossos pés poderão congelar assim como nossas mãos. Porém nossa alegria é saber que ao final, após ter sofrido a geleira do caminho, teremos uma bacia com água quente para os pés e afago para nossa alma. A maior grandeza desta vida não é evitar os problemas, mas sim enfrentá-los de maneira leve, muito embora alguns sejam quase insuportáveis.
A diferença sempre estará em nossa perspectiva, na maneira como enxergamos as coisas. Podemos continuar a reclamar do frio e nos recolher dentro de nossas casas, porém jamais enxergaremos o espetáculo da vida que só está disponível àqueles que ousam sair.



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