"Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora".
Voltaire
Eis-me aqui fazendo um cérebro falar. Meus dedos passaram por inúmeras
linhas deste livro, às vezes eles tinham de voltar a uma mesma sentença para ser assimilada, outras eles escorregavam facilmente. Mas como disse nosso coleguinha Piaget, é desequilibrando
que nós aprendemos. rs
No livro: "A ordem do Discurso" Foucault faz uma importante afirmação:
"suponho que em toda a sociedade a produção do discurso é simultaneamente controlada, selecionada,
organizada e redistribuída por um certo número de procedimentos que têm por papel exorcizar-lhes os poderes
e os perigos, refrear-lhes o acontecimento aleatório, disfarçar a sua pesada e temível materialidade".
Assim, ele nos revela o jogo de interesses envolvidos em um discurso.
Uma relação de desejo e poder dividida em interdição, exclusão e censura, e na verdade absoluta.
Para ele, o discurso não deveria ser tão formal, solene, elaborado seguindo as regras sociais
e as influências de instituições tidas como detentoras do saber supremo. Os tabus deveriam ser extinguidos
abrindo espaço para a VERDADEIRA liberdade de expressão.
Como percebemos ele falava há mais de 30 anos atrás sobre uma questão muito atual e presente em nossa sociedade.
Podemos também associar essa censura do discurso às mídias, que hoje detém um grande poder de informação e cabe a nós, somente a nós, avaliarmos o conteúdo, se se trata de um interdito, uma exclusão de saber em detrimento
de outro ou se é uma verdade absoluta e universal.
"é desequilibrando que nós aprendemos." Esse nosso coleguinha Piaget... rs.
"às vezes tinha de voltar a uma mesma sentença para ser assimilada, outras ele escorregava facilmente."
Textos do Foucault são exatamente assim...
se a gente passar direto pelo o que a gente não entendeu, lá na frente vai ser como se não tivessemos lido texto nenhum!
E me faz pensar na vida...
não só nas notícias que a mídia não nos dá por completo,
mas também coisas que não entendemos ao nosso redor e ao invés de tentarmos entender "o que está escrito", passamos pelas linhas até o final do texto.
O ruim vai ser se no final, tivermos que voltar ao início do texto querendo entender tudo o que a gente leu!
Exatamente Juliana. Temos a tendência de só receber o que nos é transmitido e muitas vezes não mastigamos pra ver se aquilo é realmente "engolível". =/