E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.
Gálatas 6:9
Foto retirada do endereço: http://whenshedanced.blogspot.com.br/
Mais um dia de trabalho comum. Porém uma sensação diferente ardia em seu peito. Sentia falta de algo, embora não soubesse o que necessariamente. A manhã passou ligeira e enfim chegou a tarde. O sentimento inicial fora definido por uma vontade tímida de falar do amor de Deus às pessoas. Foi então que em pensamento disse: "Senhor, sinto um grande desejo em falar do seu amor hoje, mas ainda não sei como fazê-lo. Bem que o Senhor podia trazer as pessoas até mim, ficaria muito mais fácil...rs". Mal sabia o que a esperava.
Expediente encerrado, bolsa arrumada, última olhada no espelho e enfim, despedir-se dos colegas para retornar à sua casa. Costumava pegar o trem na estação próxima ao trabalho, e assim o fez. Deixou passar o primeiro trem que acabara de chegar quando desceu à plataforma. Não reclamou, esperou o próximo. E o pensamento de compartilhar Cristo ainda ardia em seu coração. Tentou achar alguma "pista" do porquê não ter embarcado no vagão anterior, mesmo LOTADO dava pra ficar "espremida" e prosseguir até sua casa.
Foi então que chegou o trem seguinte, um pouco cheio, porém "entrável". Debruçou-se no ferro e fechou os olhos. De repente abriu os olhos e avistou uma senhora sentada à sua esquerda com um semblante apreensivo. Disfarçou um pouco, mas não conseguiu tirar os olhos da senhora, que minutos depois começou a chorar, muito discreta. Pensou em ir até ela e tentar saber se estava bem, porém tinha muita gente em volta e ela poderia não gostar de tal aproximação. Orou apenas e pediu uma direção de como agir naquele momento.
Lembrou que tinha consigo um caderno, logo, arrancou uma folha e começou a escrever sem parar. Disse que Deus estava no controle de tudo mesmo nos piores momentos e acrescentou mais coisas, que devido ao tempo fica um pouco difícil recordar. Precisava agora de coragem para entregar o bilhete. Esperou um pouco relutante e num ímpeto de ousadia esticou-o em direção à senhora que assustada, apenas a olhava. Ela então disse: " Pegue, é pra você!", a senhora aceitou e leu um tempinho depois.
Missão cumprida, voltou-se ao seu lugar e orou em silêncio por ela. Ao abrir novamente os olhos, a mulher chorava ainda mais. A comoção também a invadiu junto ao receio de ter "piorado" as coisas ao invés de ajudá-la. Ainda perdida em seus pensamentos foi abordada por um senhor que estava sentado à sua frente. Ele admirado disse: "Olha eu não faço a menor ideia do que você escreveu naqele papel, mas sua atitude foi muito bonita. Eu estou aqui há um tempo e não percebi o que você teve a sensibilidade de enxergar". Ela timidamente sorriu e disse: Foi Deus. E a partir daí iniciaram um diálogo, onde ela pôde compartilhar o amor de Deus também a este senhor. Ele com os olhos cheios de lágrimas disse: "Quem dera tivéssemos mais pessoas assim no mundo. Ela respondeu que infelizmente a tendência seria piorar, devido ao esfriamento do amor que antecede a volta de Cristo, mas que dependia de cada um de nós, apesar disso, fazer o possível para ajudar ao próximo. O homem cedeu o lugar para a jovem e desceu algumas estações depois, com um sorriso imenso nos lábios e lágrimas nos olhos.
Chegando então na estação que desceria, foi ela foi abordada pela senhora que recebeu o bilhete. Ficou um pouco nervosa por não saber o que dizer adiante, mas parou para ouvi-la. A senhora ainda chorosa agradeceu e disse que chorava pois recebera a notícia do falecimento do seu pai, que já esperava pois ele estava muito mal e só estava abalada. A jovem então sorriu e disse algumas rápidas palavras antes que a senhora sumisse em meio à multidão que caminhava para a saída.
Ao se ver sozinha, seus passos tornaram-se lentos e sua percepção do que ocorria em volta foi paralisada enquanto seu pensamento focava na experiência que vivera. Assim, onde estava começou a chorar e lembrar da oração que havia feito em seu trabalho. Não planejou nada, apenas esteve disponível nas mãos de Deus e Ele trouxe não uma pessoa, mas duas para experimentarem algo diferente de suas rotinas frias e sem amor.
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